Outreridade...
Fingir que as entendo
Seus amores, desejos, realizações...
Pensar em suas dores dói
E aí é mais difícil
Mas não menos intuitivo
Pensar ser os outros é melhor que sonhar
Há uma pontinha de real
E no fim, qual a diferença entre eles e eu?
Filhos do carbono e da aleatoriedade na comunhão dos átomos
Pensar ser coisas é igual, ou quase.
Esta porta à frente, tão... Porta.
Abre, fecha, tranca, ri, grita e até bate: é gente.
Mais gente que muitos da gente.
Se há uma consciência uno e infinita eu não sei, mas o universo pode ser muito bonito quando apreendemos seu olhar.
Haiti
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Resposta para Candinha
Busca
Quem dera meus desejos abarcarem a minha busca. Por vezes eles são empecilho.
Mas há algo além, há algo ainda. Há a busca, imanente e impredizível.
Círculo
Mas, no final tudo vira bosta.
Tudo está uma bosta.
Logo, tudo já se transformou.
Então está na hora de criar!!!
Canção Arrocha
Conto para ver
Olhava em meus olhos havia bastante tempo. Desconhecia aquele rosto inteiramente novo. De tempos em tempos, meses em meses, o encarava até perder a guia, para depois fazer uso da navalha, a qual era mantida em punho desde o início da acareação. Fio a fio o novo rosto ia tomando aparência mais jovial, fio a fio ia tornando-se vulgar, comum.
Os comentários seguintes eram habituais:
- Ficou legal assim! (Brigado)
- Paciente novo (Pois é…)
- Cinco anos mais jovem! (tenho cinco anos a mais ou a menos de vida?)
- Meu Deus, é você?! (Nããão, é Scheckter!)
- Outra pessoa! Outra pessoa! (…)
Este último... não... este último…
Olhar
ESTAÇÃO DA LUZ, SÃO PAULO-SP, BRASIL
Misturaê, Festival de Verão
Desculpa a intromissão, mas é que essa chamada televisiva chamou minha atenção, então, tomei a liberdade de escrever algumas linhas.
Por esses tempos temos que erguer bandeiras e ser vistos fazendo qualquer coisa para alcançar a gloriosa existência humana, já que não basta ter só certidão de nascimento, como afirma outra chamada televisiva.
Eu sei que isso não tem nada a ver com a mistura de ritmos, tribos e cores que o Festival de Verão de Salvador fomenta, posso ressaltar também que grandes artistas já se apresentaram neste Festival e que já marquei presença em algumas edições deste evento.
O que percebo é que esta mistura se heterogeniza na diferença dos preços dos ingressos para diferentes locais dentro da festa: pista, camarotes, caaamatores, camaaaarotes e caaaamaaaroootes. Sendo assim, percebemos os diversos componentes da mistura. Solução verdadeira? Quem se lembra da química?!! Talvez a mistura seja heterogênea mesmo.
Não podemos esquecer que o carnaval é a maior festa popular do mundo, eu disse: popular, popular e nem me atreverei a analisar em um cromatógrafo os componentes desta manifestação obviamente popular.
No inicio de 2009, estive em São Paulo para o show de uma banda inglesa, havia ingressos de inteira e meia para pista, como dizemos por aqui, e o único camarote existente era para portadores de necessidades especiais com os mesmos preços da pista. Até então, tudo bem, mas com o decorrer do show notei que ao meu lado estava alguns artistas globais e até cantores de bandas daqui do Brasil que se apresentam no festival de verão. Então, algo aconteceu... o solo se fez sagrado e a minha existência se elevou.
Mas com tanta beleza pra se vê, quem vai se importar? Afinal, vivemos os tempos dos currais.
Corrupção crônica (nota)
Crítica, após crítica, já se tornou um verdadeiro jargão a frase "todo político é corrupto" ou "todos eles são iguais" tamanha é a freqüência do seu uso. Se elas expressam uma verdade eu não sei, porém que ela reflete uma triste realidade brasileira, isso com certeza. É a realidade da justificativa, da busca da causa dos problemas brasileiros nos outros e nunca em si. O brasileiro ainda não assimilou a elementar noção de representatividade política em que o político tem como função primeira defender os interesses de seus eleitores e da sociedade. Assim, no seu eterno pensamento hierárquico - às avessas, diga-se- não consegue enxergar que é de sua responsabilidade também o que acontece no Planalto Central.
É uma posição um tanto cômoda a que nós, ditos cidadãos, adotamos. Não nos enxergamos nos nossos governantes, dessa forma os seus erros não são nossos. Há de mudar-se isso. Temos que, de uma vez por todas, encarar nossa realidade e entender que se "todos são corruptos" é porque nós assim os deixamos. Caso contrário, comecemos por nos incluir nesse "todos", e entremos no bolo da corrupção como cúmplices, já que assistimos totalmente inertes aos atos mais que deploráveis dos nossos políticos.
O Arruda foi preso e eu lamento. Não pela prisão, mas pela constatação de onde nós chegamos. E o pior é por enquanto nada me diz que isso aqui vá melhorar.