Corrupção crônica (nota)

Crítica, após crítica, já se tornou um verdadeiro jargão a frase "todo político é corrupto" ou "todos eles são iguais" tamanha é a freqüência do seu uso. Se elas expressam uma verdade eu não sei, porém que ela reflete uma triste realidade brasileira, isso com certeza. É a realidade da justificativa, da busca da causa dos problemas brasileiros nos outros e nunca em si. O brasileiro ainda não assimilou a elementar noção de representatividade política em que o político tem como função primeira defender os interesses de seus eleitores e da sociedade. Assim, no seu eterno pensamento hierárquico - às avessas, diga-se- não consegue enxergar que é de sua responsabilidade também o que acontece no Planalto Central.

É uma posição um tanto cômoda a que nós, ditos cidadãos, adotamos. Não nos enxergamos nos nossos governantes, dessa forma os seus erros não são nossos. Há de mudar-se isso. Temos que, de uma vez por todas, encarar nossa realidade e entender que se "todos são corruptos" é porque nós assim os deixamos. Caso contrário, comecemos por nos incluir nesse "todos", e entremos no bolo da corrupção como cúmplices, já que assistimos totalmente inertes aos atos mais que deploráveis dos nossos políticos.

O Arruda foi preso e eu lamento. Não pela prisão, mas pela constatação de onde nós chegamos. E o pior é por enquanto nada me diz que isso aqui vá melhorar.

Um comentário:

  1. uma vez tivemos [eu e uns amigos] uma conversa com o deputado estadual Gaban, daki da nossa terra. E numa franca opinião sobre os políticos e essa corrupção ele nos disse que, por mais que o esforço seja manter-se puro mediante o caos da corrupção política, os próprios cidadãos acabam por desvirtuar os bons políticos.

    Ele nos disse de uma vez, que uma igreja fez favores a ele, facilitando a vida dele. E depois, alguns meses mais tarde, cobrou os favores manifestados como se Gaban tivesse obrigação de fazer usando de sua autoridade política para conseguir ônibus para um evento da igreja. E mais tarde, o coitado do deputado viu-se enredado numa rede de favores com a igreja, com a empresa de ônibus e outros relacionados, sem nem mesmo ter a intenção de estar naquele lugar.

    Não estou defendendo o Gaban, mas é óbvio que essa manifestação de corrupção é algo muito comum. Entendo que o dinheiro é o menor dos problemas, ou apenas a expressão monetária dele, mas o caráter do povo brasileiro é o grande causador da crise moral da política. Digo ver inúmeras vezes no meu contexto contabilista a safadeza de muitos homens tentando se dar bem no mundo

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